A dimensão e abrangência do Programa Estágio de Nível Médio

Muitas vezes, para entendermos o alcance e a dimensão de um trabalho precisamos dar-lhe métricas e imagens.
Foi o que tentamos mostrar aqui.

O Programa Estágio de Nível Médio teve um alcance de quase 1.000 adolescentes entre 16 e 18 anos oriundos de áreas de grande vulnerabilidade social e econômica, e frequentadores de escolas púbicas.

A exigência principal do Programa era que fossem bons alunos e NUNCA tivessem tido notas abaixo de satisfatório (não poderiam ter tido notas vermelhas nem antes, nem durante todo o estágio).

O Programa procurava a equidade e buscava garotos e garotas em igual proporção para participar do estágio.

Vejamos esta distribuição:

Gráfico

Ao mesmo tempo, verificamos as idades atuais dos que nos responderam ao questionário enviado sobre suas condições de vida, trabalho, idade pós estágio.
Como o Programa durou 24 anos, é natural que já tenhamos ex-estagiários nas faixas de 25 a 34 anos e 35 e 44 anos.

Uma dos grandes objetivos do Programa era a inserção de tais adolescentes no mercado de trabalho, oferecendo-lhes condições de capacitações extras para que pudessem ter uma formação mais estruturada e pudessem galgar mais degraus no futuro.
Este objetivo foi atingido de forma muito consistente, e pode ser verificado quando analisamos dois pilares: o grau de escolaridade e a situação familiar.

Muitos destes jovens vinham de famílias vulneráveis, muitas delas com apenas um genitor, outros tantos moravam com avós ou outros parentes. Estes pais no geral não tinham formação universitária e em todos os casos nenhum membro da família também o possuía.

Quando analisamos os gráficos vemos uma bem sucedida ação sobre a vida destes jovens, que não apenas conseguiram colocar-se profissionalmente, mas socialmente conseguiram formar famílias estruturadas. Isto porque em diferentes entrevistas de acompanhamento do serviço social era patente o desejo da maioria em formar famílias, e como muitos afirmavam “ter o que eles nunca tiveram”.
Observe o gráfico abaixo:

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Temos duas situações sobre os solteiros: alguns são muito jovens e outros nitidamente optaram por uma carreira e postergaram o casamento. Isso se mostrou por meio de formulário preenchido e pelos depoimentos. Os que optaram pelo casamento, no geral, mantiveram-se assim sem possuir rupturas familiares.

No caso da escolaridade, o dado mais relevante a apontar é o alto índice de ex-estagiários que foram além da formação do Ensino Médio, 61% concluíram seus estudos superiores, 1% optou por Cursos Técnicos e vários fizeram o Curso Técnico e depois fizeram uma formação superior, contra apenas 13% que se mantiveram apenas com o Ensino Médio. Em 22% dos casos tivemos registro que o Ensino Superior foi Incompleto (mas é preciso perceber que vários que fizeram esta afirmação no questionário é porque ainda estão com o curso em andamento).

Importante frisar que os estagiários dos primeiros anos alegaram maior dificuldade de acesso à Universidade, quer por terem que trabalhar, quer por não conseguirem ser aprovados nas públicas, quer não conseguirem pagar as mensalidade nas particulares. Nos primeiros anos não havia programas governamentais de acesso às Universidades para alunos que vinham de situações de maior vulnerabilidade.
Observa-se nitidamente que ao passar a existir políticas públicas do Governo Federal de acesso à Universidade o número de ex-estagiários do Programa Estágio de Nível Médio na faculdade aumentou. O que mostra a importância de trabalhos socioeducativos combinados com políticas públicas como forma de dar acesso à jovens de realidades mais vulneráveis.

A rede de proteção é um todo e para ser efetiva necessita estar interligada.

Um dado muito interessante sobre o papel da formação educacional pode ser visto no gráfico abaixo. Mesmo em um tempo de Pandemia os números de empregabilidade destes ex-estagiários apresenta-se num patamar altíssimo, quando comparado com o restante da população brasileira e o alto grau de desemprego.

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De TODOS os ex-estagiários de nossa amostra permanecem empregados 94% deles!
O que resulta um desemprego da ordem de 6%.
Estes números por si só nos indicam que o objetivo de inserir tais adolescentes no mercado de trabalho foi muito bem sucedido.

Além disso, todo o preparo que receberam no decorrer do Programa e sua formação posterior lhe conferem posições interessantes no seu ambiente de trabalho.

Note seu posicionamento na pirâmide organizacional onde atuam atualmente:

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Ao analisarmos as respostas ao formulário sobre sua condição de vida e trabalho observamos que vários deles seguiram as carreiras que escolheram para cursar o Ensino Superior. Vários deles optaram por empreender e hoje possuem negócios próprios, escritórios e sociedades. Outros tantos migraram para o serviço público e carreiras militares.
Ou seja, mantiveram-se firmes com os objetivos ensinados no Programa e os incorporaram às suas realidades pessoais e profissionais.

Um outro dado interessante de observarmos é o aumento de atendimentos que o Programa teve no decorrer de sua vida de 24 anos.
Para tanto, os dois gráficos abaixo dão conta do volume de estagiários por anos.

Gráfico
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De tudo o que vimos, fica claro que o Programa Estágio de Nível Médio produziu frutos e a colheita foi grande.
Parabéns a todos os envolvidos!