2013 – 2015 – Lotada no Núcleo de Recursos (NUREN)
Escolaridade: Bacharel em Direito
Profissão: Advogada
Área de Atuação: Direito Trabalhista
Função: Advogada Trabalhista

Depoimento

Olá, me chamo Yasmin Cibele, tenho 24 anos, sou advogada e fiz parte do programa de estágio socioeducativo do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A primeira pessoa que tive contato ao ingressar no estágio foi dona Sônia, uma mulher casca dura, responsável pelos estagiários do programa e famosa por manter seus estagiários na linha. Não é para menos, é difícil manter o controle de tantos adolescentes e dona Sônia fazia isso muito bem. Rigorosa quando necessário, mas era nítido o olhar que ela fazia ao ver seus estagiários atingindo objetivos.

Naquela época, aos 16 anos de idade, era uma jovem cheia de sonhos e incertezas sobre meu futuro profissional. Mas foi no Nugep (Núcleo do Setor de Recursos) que me apaixonei pelo Direito e desde então soube que essa seria minha área de atuação.

No Nugep (atualmente deve ter mudado de nome), o menor aprendiz era responsável por armazenar os processos físicos nas estantes, anexar petição, decisões e acórdãos nos autos dos processos lá sobretestados e transportar esses processo para outros setores.

Tive a sorte de ter como chefes do setor Rejane Delgado e Pedro Vasconcelos que sempre me instruíram a estudar quando não houvesse serviço no setor. Então, caso terminasse o que tinha para fazer durante o período de estágio e não houvesse outra coisa para fazer a ordem era estudar. Com atitudes como essa fica claro que o objetivo do programa não era apenas dar uma oportunidade de emprego para jovens, mas também ajudá-los a manter uma consistência no aprendizado escolar.

Passei 1 ano e 11 meses no TRF5 e posso garantir que foi uma das melhores épocas da minha vida, todo o aprendizado adquirido nesse período é de suma importância no meu dia a dia profissional.

No início de 2015, logo após meu desligamento do TRF5, iniciei a graduação no curso de Direito e 2 anos depois retornei ao TRF5 como estagiária de nível superior e por coincidência para o mesmo setor que atuei quando menor aprendiz, Nugep. Foi uma experiência única, totalmente diferenciada da anterior, naquele momento eu troquei o carrinho com pilhas de processo que me acompanhou durante 2 anos no programa de menor aprendiz pela experiência de trabalhar em um processo. Deixei de juntar as decisões e acórdãos e passei a redigi-los.

Atualmente, sou advogada trabalhista e divido meu tempo entre atuar na área e estudar para concursos. Olhando para trás e por tudo que passei, o programa de estágio do TRF5 foi um dos grandes responsáveis por moldar a mulher que sou hoje. Quando se é uma menina negra de periferia as oportunidade são limitadas e no Tribunal eu tive acesso a um leque de possibilidades. Através do trabalho desenvolvido por vários servidores que me cercaram naquele período e do apoio escolar do núcleo de estágio, o TRF5 contribuiu para que uma jovem da zona norte do Recife pudesse quebrar barreiras e ocupar espaços ainda tão limitados a um nicho da sociedade.

Com atitudes como essa fica claro que o objetivo do programa não era apenas dar uma oportunidade de emprego para jovens, mas também ajudá-los a manter uma consistência no aprendizado escolar.

Quando o Estado tem a sensibilidade de recrutar jovens em situação de vulnerabilidade social com o objetivo de mostrar que existe um mundo de possibilidade nos esperando, quem ganha é a sociedade como um todo. Afinal, o que separa o jovem do desenvolvimento social, econômico e profissional é a oportunidade.

Obrigada TRF5, em especial a Dona Sônia, por fazer parte da minha vida e por contribuir com meu sucesso acadêmico e profissional. Vocês não tem noção o quão importante esse estágio foi na minha vida e de tantos outros jovens.

Data: 07/09/2021